No livro das aulas de história, muito se fala sobre escravidão, exploração e sobre o grande acontecimento, a abolição. Mas o que não se fala é que depois da abolição, os negros ficaram à mercê, sem ter onde trabalhar, morar e o que comer, restando para eles a discriminação, o descaso e exploração. Até hoje, os negros são a base da pirâmide social e, quando desenhamos essa pirâmide, encontramos outra questão: a mulher negra é a base dessa pirâmide. A mulher negra sofre o peso do preconceito e discriminações que a excluem de ocupar o espaço, somente por ser mulher e negra.
Infância Marcada pela Ausência de Representatividade
Os problemas começam em situações simples na nossa própria infância. Quando crianças, não éramos representadas em nossas bonecas e desenhos animados. Rejeitaram nossos cabelos crespos e a tonalidade da nossa pele. Disseminaram um padrão de beleza no qual não nos reconhecíamos, ferindo assim a nossa autoestima. Mais tarde, essas questões refletem de forma mais grave em nossas relações interpessoais e afetivas.
A Dura Realidade: Estudo sobre a Mulher Negra no Mercado de Trabalho
Para escurecer essa questão, vamos trazer algumas verdades relatadas por um estudo intitulado “Mulher Negra: Dupla Discriminação nos Mercados de Trabalho Metropolitanos“. As mulheres negras são a parcela mais pobre da sociedade brasileira, possuindo a situação de trabalho mais precária, os menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego. Além disso, enfrentam maiores dificuldades para completar a escolarização e possuem chances pequenas de chegar a cargos de direção e chefia. Uma das razões é que temos de assumir desde cedo o papel de cuidadora da família.
Alarmantes Dados de Racismo e Violência
Quando percebemos os dados do racismo e violência, a situação torna-se ainda mais preocupante. As mulheres negras representaram, em 2015, 58,8% das vítimas de violência doméstica, 53,6% das vítimas de mortalidade materna, 65,9% das vítimas de violência obstétrica, 68,8% das mulheres mortas por agressão e 56,8% das vítimas de estupros registrados no estado do Rio de Janeiro em 2014.
Nosso objetivo é fazer você se incomodar, questionar. Alguma vez você já percebeu essas questões na sala de aula? Já abordaram esses sistemas para vocês? Qual a melhor forma de enfrentar esses problemas diante desses dados?
Desvendando o Racismo Velado na Escola
Dependendo dos espaços em que estamos e vivemos, temos dificuldade de perceber o racismo que se encontra velado, e muitas vezes até o reforçando. Para desenraizar o racismo, temos que receber estímulos, e um dos melhores lugares para isso é a escola. Ao trabalhar questões referentes à negritude, cultura, memória e ancestralidade, estamos pavimentando o caminho para o enfrentamento dos problemas relacionados à mulher negra na sociedade.
Políticas Públicas como Caminho para a Mudança
A mudança só é possível por meio da criação e efetivação de políticas públicas que reconheçam essa diferença. Participação social, empoderamento da mulher negra em todas as faixas etárias, criação de coletivos para estimular o empoderamento da comunidade – são passos essenciais para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Além disso, devemos ter a fiscalização e punição para casos de racismo, crime inafiançável.